Uma operação da Polícia Federal, denominada “Paper Land”, revelou a importância crucial da atuação do cartório de Registro de Imóveis de Nova Crixás-GO no desmantelamento de um esquema de fraudes envolvendo empresários, advogados e funcionários da Caixa Econômica Federal. O grupo é suspeito de causar um prejuízo superior a R$ 40 milhões através de fraudes em financiamentos agropecuários.
A fraude foi inicialmente descoberta graças à diligência do cartório, que, mediante uma minuciosa análise, recusou o registro de uma Cédula de Crédito Rural suspeita. Esse ato desencadeou uma investigação aprofundada que culminou na operação da PF.
O Oficial do Registro de Imóveis de Nova Crixás, Dr. Jhonathan Estevam, relatou ao CORI-GO como ele e sua equipe agiram diante da apresentação do documento que continha indícios de irregularidades.
Durante a qualificação do título, notou-se a ausência de informações essenciais do documento e ainda a presença de vários dados inconsistentes. Ao examinar o documento, o oficial também constatou mais outro indício de irregularidade, relacionado a reconhecimento de firma.
Diante de tais suspeitas, agindo com todo o zelo e rigor, o cartório fez as verificações e consultas de praxe, nas quais os resultados indicaram se tratar de tentativa de golpe.
Considerando a situação, o oficial noticiou os acontecimentos à autoridade policial competente e emitiu nota devolutiva informando a impossibilidade de registro até que a questão da suposta falsidade fosse esclarecida.
O oficial prestou depoimento e forneceu os documentos à autoridade policial, que procedeu à apreensão dos mesmos e início das investigações cabíveis.
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A operação “Paper Land” cumpriu 18 mandados em 13 endereços nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Acreúna e Rio Verde. Segundo a investigação, o grupo criminoso utilizava documentos falsos e corrompia profissionais credenciados à Caixa Econômica Federal para obter financiamentos fraudulentos.
Além dos mandados, a Justiça determinou o bloqueio de contas bancárias dos investigados, o sequestro de 48 imóveis e 44 veículos, bem como a constrição de criptoativos. A PF informou que os crimes ocorreram entre 2022 e 2023, e as penas somadas podem ultrapassar 42 anos de prisão.
Em nota, a Caixa Econômica Federal afirmou que coopera integralmente com a Polícia Federal e demais órgãos de segurança pública na investigação e prevenção de fraudes. A instituição reforçou que possui políticas rigorosas de segurança para proteger os dados e operações de seus clientes.
O nome “Paper Land” faz alusão aos imóveis rurais que existiam apenas no papel e eram utilizados como garantia hipotecária nas operações financeiras fraudulentas.
A atuação precisa e criteriosa do cartório de Registro de Imóveis foi fundamental para a descoberta e interrupção desse esquema criminoso, destacando a importância do rigor e da ética na prestação de serviços públicos.